terça-feira, 12 de maio de 2009

Caracteres II


Teofastro foi o sucessor de Aristóteles. Ele contribui a estudos práticos como os da botánica e as tipologias do carácter. É interessante o dado porque nos permite entrever um tipo de estudo mais funcional que o da filosofia abastracta com interesses polifacéticos e interconectados. Mas vamos ao carácter.

A maneira em que funciona o que chamamos de personalidade poderia definir-se como a rigidez e invariabilidade da nossa resposta, que está fixada, e que reitera um tipo de comportamento incapaz de abrir-se ao novo, ou simplesmente à realidade. Existem visões diferentes e estereotipadas que são como uma marca ou uma impronta. Há desde condicionantes biológicos até fatores ambientais e sociais. A admiração do que comunmente chamamos de "personalidade" tem a ver muito com este elemento fraudulento da construção e fixação da nossa versão sobre a realidade.

Isto leva-nos a observar, por exemplo, o que poderiamos chamar as diferentes Bestas negras com que os indivíduos e grupos humanos tendem a justificar o seu lugar existencial numa falsa dialéctica, construída com a única tentativa de manter no seu lugar a identidade falsamente adquirida. Tudo isto é uma operação de marcagem que solidifica ou baliza o ser essencial, não deixando-o correr e crescer.

De aí a necessidade de alimentar o mundo emocional com diferentes espécias e picantes que encobram a naturalidade. É como buscar líquidos sofisticados quando o que precissamos é água.


Sobre este ponto o Eneagrama mostra algumas questões interessantes. É um simples instrumento com todas as virtualidades e equívocos aos que pode levar mas merece um estudo atento, que não deve convertir-se num fim em si mesmo como parece acontecer com algumas pessoas:

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