terça-feira, 29 de setembro de 2009

Cousas curiosas

Parece que no povo Ianomami há uma forte violência sobre as mulheres. O curioso é que elas consideram que se um homem não lhes bate é porque não gosta dela. É um comportamento que nos resulta chocante quando o vemos numa sociedade primitiva.
O certo é que a vulgaridade de muitas relações mede-se por este modo chocante de extorsão, simulação, chantagem e violência emocional que procura fixar a atenção continuamente sobre si.

Muitas pessoas chegam a se ofender se são tratadas bem, com educação e respeito, mantendo certas distâncias devidas à necessidade de não precipitar ou invadir a intimidade de alguém com um abuso de confiança.

É sobre esta base emocional que resulta fácil para muitas pessoas ceder boa parte da sua autonomia pessoal em favor de outros que lhes ofereçam essa estimação que realmente não necessitam, como no caso das mulheres Ianomani.

Realmente o nosso primitivismo é mais fácil vê-lo nas tribos do que aqui mas não significa que não exista.

(Se tu es uma mulher de quem são os bigodes?, diz o provérbio mongol)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ter razão e saber ter razão.


Todos os problemas dos seres humanos poderiam reduzir-se a esta frase:


"Não se trata só de que tenhas razão mas deves saber tê-la"


Mas a imensa maioria das pessoas conforma-se simplesmente com ter a razão sobre temas, ideias ou acções. Isto dá-lhes legitimidade para "lutar por elas", reivindicar, extorsionar, etc. sem saber como a razão deve ser realmente exposta e defendida.

Pode parecer trivial o que digo mas é uma constatação diária, em todos os níveis da vida. Por isso gosto de essa frase de um antigo sábio:

"O sufi não reivindica, conhece o segredo do significado"

Isto é no caso em que as pessoas têm razão, que não é o maioritario. Fica o caso em que nem têm razão nem sabem ter o que não têm.

E há um caso ainda por considerar: o das pessoas que não têm razão mas sabem tê-la e também não tê-la.

Realmente essas pessoas sabem.

Para ressumir diriamos que as nossas razões são tão próprias que carece de sentido expó-las e sempre temos aquele aforismo dos taoístas:

"Instrumento correcto com homem incorrecto resultado incorrecto mas instrumento incorrecto com homem correcto resultado correcto"


Mas quando compreenderá o homem incorrecto isto?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Família


Em 1930 o meu avô Antonio emigrou para Buenos Aires. Ele tinha toda a sua família paterna lá. Ficou órfão com cinco anos. O seu pai era um anarquista casado com uma piedosa mulher com a que teve três filhos. O meu bisavô ia e vinha de Buenos Aires. De cada ocasião que vinha nascia um filho. O do meio foi meu avô. Ele recordava como tinha ido com outros miúdos desfazer um mitim no que participava o seu próprio pai. O cura de Corcubião encarregara-se de lhes facilitar os apitos pertinentes.

O meu bisavô tinha uma tuberculose e encontrava-se com a sua mulher e a sua família. Ela insistiu para que fossem visitar um curandeiro famoso, o cura de Vilhastoso. Ele foi sem fé, por conformar-se à petição da mulher. O cura de Vilhastoso foi claro: se ele ficava uns meses tinha esperança de se recuperar mas se ia para Buenos Aires, morreria. Ele foi para Buenos Aires, onde se encontrava a sua mãe e os seus seis irmãos. E ali morrreu com 35 ou 36 anos oito meses mais tarde.

Agora passaram vinte anos e o meu avô está na Plaza de Mayo, recém chegado, junto a centos de emigrantes que por ali deambulam sem ofício nem benefício. O único contacto que tinha com a família era por cartas ocasionais, distanciadas por anos.

Uma mulher de mais de oitenta anos acerca-se a ele e pergunta-lhe se, por acaso, conhece a Antonio Lozano, de Corcubião.

O meu avô sorri e, suponho, emocionado da-lhe uma abraço.

- Abuela!

Ele dizia-me:

Los tranvías iban a una velocidad endiablada y ella, con 83 años, los agarraba al vuelo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um galego e outro.


Um dos meus avôs, Rafael, contou-me muitas vezes esta história que, como já referi noutra ocasião, poderia ser do Mullah Nasrudin.


Dous homens estão a rematar o almoço. Trata-se de um almoço de negócios: um é tratante de cavalos e outro de burros mas isto não é importante. O caso é que chega a hora da sobremesa e duas maçãs se encontram à espera de serem comidas. São vermelhas, carnosas, apetitosas.


O tempo passa mas as maçãs continuam sem serem apanhadas. A conversa deriva sobre temas quase esotéricos: os costumes dos burros do interior e as suas manias, a história da mula que quando lhe perguntaram que classe de animal era respondeu que o seu pai era um cavalo, e toda uma série de contos e pequenas histórias enovelados e sem fim.


As maçãs, solitárias e no meio da mesa, continuavam sem comer mas, de súbito, o galego alongou o braço e apanhou uma: era grandiosa, imensa e vermelha.


No prato ficava uma maçã formosa mas muitíssimo mais pequena. O companheiro indignou-se:


- Parece mentira. Não esperava isso de ti. Que educação recebeste?


- De que me falas?


- Como apanhas a maçã mais grande? Quando se viu semelhante cousa?


- E tu que farias?


- Evidentemente colheria a pequena.


- Pois aí está!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Cabeças, cordeiros e mestres.


Hoje só duas pequenas meditações. Uma procede de uma dedicatória do meu querido Idries Shah. Ele tem um livro intitulado Contos dos derviches que diz assim:


"Aos meus mestres,
que tomaram o que foi dado
que deram o que não podia ser tomado"


Considero-a uma das melhores dedicatórias que li jamais.

A segunda história procede do profeta Muhammad, que repartia um cordeiro junto à sua filha Fátima. Ela numa certa altura reparou que o cordeiro estava a se acabar e disse-lhe:


- Não temos mais que a cabeça.


Muhammad respondeu:


- Temos tudo menos a cabeça.


(O aspirante a discípulo dirigiu-se ao mestre e foi o mestre quem pediu perdão)

domingo, 20 de setembro de 2009

Intelectual


Existe uma hadice do profeta Muhammad que diz:


"A tinta dos sábios é mais sagrada que o sangue dos mártires"


Muhammad compreendeu muito bem o ressentimento encoberto que existe nas acusações contra a intelectualidade. Certamente muitas pessoas, algo cabeças duras, utilizam palavras como "prática" e "experiência" como formas de fugir da necessária reflexão que todo homem ou mulher com aspirações superiores necessariamente deve fazer. Os grandes mestres da tradição humana essencial não foram precissamente cabeças duras: Buda, Sócrates, Platão, Muhammad, Al-Ghazali, Ibn Arabi ou Suhrawardi entre muitissimos outros fizeram um esforço, também intelectual, considerável.

Outra cousa é a razão não intelectual ou os "intelectuais". Aqui vemos a degradação do sentido originário de uma palavra e o uso sofístico e baixo do racionalismo vulgar, que não é capaz de fazer mais do que uma emulação aparente do verdadeiro sentido, sentido que existe ali onde a cabeça descansa no coração.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Paradoxo


Hoje pensava no paradoxo que há entre o sentimento da nossa importância em relação aos diversos projectos nos que nos vemos inseridos e o efeito real sobre eles que penso é inversamente proporcional. Todos conhecemos pessoas que se sentem imprescindíveis em qualquer actividade. Actuam come se na sua ausência tudo fosse ir à catastrofe e, na verdade, quando estas pessoas deixam "essse lugar" as cousas continuam a funcionar como sempre ou pode que, depois de um reajuste, melhor.
Tenho visto funcionar isto com frequência, começando por mim mesmo, e acontece muito nas empresas onde as pessoas devem alimentar uma falsa sensação de importância e uma motivação centrada sobretudo em sentir-se imprescindíveis. Depois são reformados e "la vida sigue igual". Em certo sentido actuamos como o Padrinho, pequenos Corleones do dia a dia. Em tudo há graus, naturalmente.
Quando nos libertamos de esse sentimento de "excessiva responsabilidade" a vida segue igual mas nós somos diferentes e podemos desfrutar sabendo que, felizmente, tudo irá bem sem nós e...porém nós estamos aí.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Jafar Sadiq e o vizinho bêbedo


O grande sábio Jafar Sadiq não tinha uma boa relação com as autoridades. Respeitava as leis mas não asssistia nunca às reuniões da corte e aos convites do rei apesar da suas reiterada insistência. Acontecia que tinha como vizinho um homem de costumes dissipados, alcólico e que incomodava insistentemente a Jafar Sadiq, com os seus ruídos e os seus escândalos. Um bom dia este homem envolveu-se numa disputa que o levou à cadeia. Podia ficar ali indefinidamente já que não parecia que houvesse muita vontade de manter as garantias legais com um vagabundo bêbedo.

Jafar Sadiq estranhou-se do silêncio que rodeava o seu lar. Por primeira vez podia meditar sem ser perturbado mas não estava tranquilo. De modo que saiu à rua e averiguou o que se passava.

E vemos agora ao ilustre imã Jafar Sadiq entrando na sala de recepções do rei perante o assombro dos seus cortesões e do próprio rei.

- Que felicidade ver-te aqui, ilustre amigo. Ver ao sábio dos sábios visitando a um rei não rebaixa a tua sabedoria mas eleva a minha realeza.

- Belas palavras, majestade, que humildemente agradeço. Serias, então, capaz de aceitar uma petição da minha parte?

- Fala, Jafar, farei tudo o que me peças pois é de sábios saber pedir!

- Majestade, libertai ao meu vizinho, preso na cadeia desde há dois dias. Ele não tem família e eu sou o único que pode velar pelo seu destino.

A presença de Jafar, a sua elegância e a sua nobre humildade não produziram no rei sentimentos ofensivos nem de orgulho ultrajado como poderia ser habitual e libertou ao prisioneiro perante o assombro dos cortesões.

O rei pronunciu estas palavras:

"A tradição diz que não existem os sábios para adornar as cortes mas as cortes para cenário dos sábios"

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Erro próprio e verdade alheia.


A necessidade de nos expor aos nossos próprios errros, de nos arriscar a nadar perdendo a roupa é uma necessidade da nossa aprendizagem. Uma criança tem que se arriscar a cair para poder andar. Se não for assim não andaria mais. Existe uma atitude pela qual esperamos que as nossas ações estejam sempre garantidas de sucesso, de um êxito e de um reconhecimento mas isso impedira desenvolver-nos autenticamente. Devemos aceitar que os mal-entendidos são inevitáveis e actuar com paciência. Nem tentar resolvê-los com excessiva rapidez sobre a base de justificações e compulsões de "fazer as pazes" mas ter a intenção firme e clara de transparência. Perante a nossa própria consciência primeiro. Viajamos dentro de nós e constatamos os nossos fantasmas, os nossos medos, as nossas falsas dialécticas mas não as projetamos sobre qualquer quimera, sobre qualquer cousa que esteja fora de nós. Compreendemos que é cousa nossa e tomamos nota de onde doe, que é o que nos causa inquietação ou angústia, raiva, ira ou nos obriga compulsivamente a "dar o último golpe".

Todas as pessoas somos semelhantes. A diferença está no reconhecimento que fazemos disso para com nós próprios. Aprender do erro próprio é sempre melhor que aprender da verdade alheia.

Actuar de modo que os nossos actos fiquem à vista e também as nossas limitações sempre pode atrair um olhar compassivo e bondoso sobre nós que nos ajude a melhorar a nossa condição e não a feroz e impiedosa crítica que impediria a uma criança aprender a andar. Felizmente confiamos em que há pessoas generosas, se manifestem ou não. Elas ajudam-nos sem fazer-se notar e vaia aqui a minha gratidão pela parte que me toca.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Identidade e pertença: uma confissão secreta.


Já tenho comentado aqui o desinteresse que tenho por preservar uma suposta tradição cultural galega, espanhola ou qualquer outra. Penso que os problemas que todas as culturas humanas tentam resolver é o da identidade humana, com maior ou menor fortuna. Esta identidade humana, que vem a significar que o homem deve ser igual a si mesmo, pode resultar uma quimera quando se interpõe preconceitos culturais que tentam promover uma determinada etnia, religião ou ideias políticas. Todas estas formas o que querem são quotas de poder ou bem promover discussões bizantinas e intermináveis. Enfim, cada quem ao seu negócio.

Há muitos anos Lluis Vicente Aracil ofereceu-me duas pistas sobre o que eram duas actitudes vitais fundamentais: a casa e o cárcere. E como os discursos, as intenções, os estilos, a vida mesma tendia a organizar-se desde estas duas experiências básicas. Não me explicou muito mais, só me disse que pensasse como se controlavam as entradas e as saídas numa e noutra. Era tudo. Pensei nisso muito e muito. Eu era muito novo e tive sorte de conhecer a Aracil nessa idade em que tudo se absorve. Guardarei uma gratidão imensa para com ele toda a minha vida. E isso fez-me afastar dos nacionalismos e outras seitas similares "a fume de caroço".

Amo muitas cousas da minha cultura galega e espanhola mas não tenho sentimentos de propriedade nem de representatividade. Não pretendo "salvar" cultura nenhuma nem lutar contra os "malvados" e outras bestas negras que supostamente são causantes dos males que muitos se arriscam a diagnosticar. Não, francamente sou pouco combativo nesse sentido. De maneira que os autênticos malvados podem pôr-se a tremer. E com toda a sinceridade o digo, aqui não há brincadeira nenhuma.

Presumir disto e daquilo avergonha um pouco, mesmo que seja mantido como um segredo do coração. Não pensáis, amigos?

Entretanto, amigo, sorri.

Smile though your heart is aching/Smile even though its breaking/When there are clouds in the sky, youll get by/If you smile through your fear and sorrow/Smile and maybe tomorrow/Youll see the sun come shining through for you//Light up your face with gladness/Hide every trace of sadness/Although a tear may be ever so near/Thats the time you must keep on trying/Smile, whats the use of crying?/Youll find that life is still worthwhile/If you just smile//Thats the time you must keep on trying/Smile, whats the use of crying?/Youll find that life is still worthwhile/If you just smile.


domingo, 13 de setembro de 2009

Poder e superstição.

Galáxia roda de carro

Consideremos o uso da palavra PODER. Que imagem, que definição aparece na mente das pessoas quando esta palavra é utilizada? O controle, a manipulação das vontades, a livre disposição sobre seres e objectos, a capacidade de dar morte, o monopólio e o uso da violência e, em definitivo, toda uma série de rasgos que, se nos fixarmos neles, têm em comum uma característica:
a negação.

Isto é patente nos discursos políticos, na maneira em que o poder actua como uma forma de representação. Sempre me admirou o carácter simbólico e puramente ficional do poder. Quando se fala de poder nestes termos do que em realidade se está a falar é de IMPOTÊNCIA. E é curiosa a inversão semântica. Curiosa como tamanha irrealidade banal possa ter tal predicamento. Foi Espinoza o que compreendeu este conceito de poder como medo e superstição, como negação do ser.

Mas existe o poder como uma realidade positiva, real, dadora e criadora de vida. Desde o crescimento de una planta ao desenvolvimento de uma criança, o poder inerente da natureza. O poder como harmonia e como amor: um poder que consiste em saber a inanidade da morte e o sem-sentido de toda pretensão de domínio.

Um domínio que se baseia na velada ou patente ameaça de "dar morte".

Como se isso fosse possível!

sábado, 12 de setembro de 2009

Interpretações


António Machado é não só um grandíssimo poeta mas também um sutil filósofo. Gosto de ler e reler o seu Juan de Mairena de vez em quando. Inicia-se da seguinte maneira:


La verdad es la verdad, dígalo Agamenón o su porquero.


Agamenón- Conforme.


Porquero- No me convence.


De jeito compreensível durante muito tempo isto foi interpretado unilateralmente no sentido de que há verdades instauradas pelo poder que não podem convencer à parte fraca (o porqueiro). Era a típica explicação com consciência de classe de uma época.

Há, porém, a explicação de que o porqueiro é a parte desconfiada e ressentida da mente que não aceita a imparcialidade, em contraposição à nobreza do rei. A razão de que só se tenha visto uma cara durante muito tempo dá que pensar. Lembra-me o facto, que eu presenciei, de um sociólogo que interpretava os aforismos de Heráclito dizendo que era evidente o seu classismo e o seu aristocratismo, reduzindo o seu pensamento a uma simples emanação social.

Há uma frase procedente de Bahodine Naqshband que diz:

"Se ensinas por meio da autoridade não estás ensinando nada".
E haveria que acrescentar aquilo de que se só vês a autoridade do teu mestre não vês ao mestre.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O que realmente acontece


Julgar as pessoas baseando-nos em simples manifestações exteriores é um hábito bastante arraigado. Damos as situações e as pessoas por feitas e o que costuma acontecer é que se solidificam os problemas sem que se produça uma abordagem mais construtiva. Isto faz com que os problemas reapareçam ciclicamente ou que tenhamos uma estranha capacidade para intuir o negativo que, sem saber, estamos convocando.

A história de hoje fala de esses preconceitos levados a um espelho por excelência, o mestre. Realmente as atitudes que mostram a humildade ou qualidades louváveis são motivo de desconfiança para muita gente. Provavelmente haja razões para essa desconfiança. Há tanta falsa piedade que mantemos uma reserva natural, ás vezes difícil de perceber em nós próprios. É uma defesa mas ás vezes limita as nossas percepções. Recordo a frase de um mestre:


- A humildade que percebes nessa pessoa não está aí para te causar impressão, está aí pelas suas próprias razões.


Dous amigos estavam perante um homem de alta realização. Um deles estava algo tenso pelo que considerava uma forma de actuar excesivamente piedosa. Havia bastante gente ali.


- Não achas isto um pouco "aparente"?


- Não, não acho. Este homem é o suficientemente realizado e generoso como para mostrar-se assim. Pode contrarrestar os efeitos destes maus pensamentos.


- Como é assim?. Não estou eu a pensar mal?


- E não tens um amigo aqui que está corregir-te e indicar-te a tua falta de objectividade? Pensa que isso também é parte da iluminação deste homem. Não o duvides!


Em qualquer caso sempre podemos dizer:


(Podem acontecer duas cousas: que ele seja alguém que tenha algo para me ensinar ou que possa aprender de mim. Também podem acontecer ambas cousas)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A generosidade e os inocentes.


De novo de volta. Espero iniciar uma etapa na que pequenas histórias, reflexões e comentários possam ser incluídos cada dia ou quase. Não grandes textos, ou algum de vez em quando, mas uma continuidade baseada em acontecimentos quotidianos e diários. Enfim, aqui vai a pequena história de hoje, que tem a sua miga:


Um homem de certo conhecimento tinha um bom amigo que não compreendia certas acções suas que pareciam envolvê-lo sempre em situações críticas, que limitavam a sua reputação e credibilidade, fazendo-se alvo de ataques virulentos ou bem de uma hostilidade velada mas ainda mais nociva. Um bom dia este amigo, cansado já, pediu-lhe que lhe explicasse este comportamento seu, porque começava a vê-lo como uma eiva de difícil justificação. E o que num princípio admirava era visto já como uma fraqueza.

O homem respondeu com singeleza:

- Não pensas que é melhor, também para eles, que me ataquem a mim e não ao primeiro inocente que se encontrem por aí!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O canto do desejo ardente de Ibn Arabi



"O silêncio não é a ausência de ruído mas a ausência de ego"

(Provérbio budista)


Houve um tempo em que eu rejeitava quem não tinha por religião a que eu tenho.

Agora, o meu coração tornou-se capaz

De aceitar todas as formas

É pasto para as gazelas,

Convento para os monges,

Templo para os ídolos,

A Kaaba dos peregrinos,

As tábuas da Torá e o Livro do Corão.

Creio na religião do Amor,

Seja qual for a direção que as suas montadas sigam.

O Amor é a minha religião e a minha fé.