quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Pensar



pensei que os teus cabelos fossem trigo
que me trouxe o vento para debicar
pensei que as rosas bravas do jazigo
eram versos de inverno para amar

pensei que a lua pintada nos teus olhos
fosse uma estrela lançada desde o mar
pensei que as janelas sem abrolhos
eram portas secretas ao teu lar


pensei que os teus cabelos fossem trigo
que o vento me trouxe para debicar

(nas tardes de anatólia sou, amiga,
uma rosa de nenhum lugar)

pensei que o mel fosse destino
de corpos destinados a se amar

que as pedras fossem no caminho
antigas lendas para além do mar

pensei sem palavras e sem vinho
deitado junto às vides do lugar

que os teus cabelos eram trigo
enlaçados aos meus dedos para amar...


(- Dizei-me, ó meus amigos,
se pensei, sinceramente,
bem ou mal.)


(De Lua de Anatólia)

1 comentário:

Pedro Casteleiro disse...

Os poetas verdadeiros são verdadeiramente um tesouro oculto.