sábado, 3 de janeiro de 2009

El Pecado



Há um vinho na Ribeira Sacra, no sul da província de Lugo, limítrofe com Ourense que se chama El Pecado. É um vinho do que quase não se vendia nada até há uns meses. Isto vinha dizendo um produtor da zona entrevistado na Radio Galega, enquanto conduzia o meu carro pela auto-estrada. A minha mente começou a divagar sobre as causas de que um bom vinho (segundo defendia o produtor) tivesse tão pouca aceitação. Pensei que quiçá houvesse aí um problema de marketing. Os galegos, havia aqui uma explicação subliminal e psicológica, não se sentiam cômodos perante um convite tão explícito a pecar. A nossa mentalidade gosta mais das sugerências veladas. Sempre é mais interessante. Mas o produtor continuava explicando que chegou por aí um americano, um tal "não sei que" Parker que deu uma alta qualificação ao vinho numa guia e, agora, o vinho está totalmente esgotado. É impossível conseguir uma garrafa. O produtor ria, e dizia que a mentalidade da gente é absurdamente superficial porque a qualidade do vinho era a mesma com estrelas que sem estrelas. Eu pensava se o vinho seria tão bom ou simplesmente o americano se deixou influir pela etiqueta, El pecado, e gostava de sentir-se um pecador perdido na Ribeira Sacra. Essa forma ingénua e directa tipicamente americana. Pode que até fosse conhecedor dos versos de Khayam ou Li-Po. Pode que tivesse lido O Banquete.
Eu quase não ouvia o que me dizia o meu filho do partido de handebol que acabava de jogar. Pensava como era possível que um americano fizesse os galegos mais dados a cair em El pecado.
Eu próprio vivi pela zona quase dous anos e não tinha ouvido falar dele mas já tenho curiosidade.
Enfim, cousas da vida.
E, por certo, isto não é marketing encoberto. Fique claro.

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