terça-feira, 24 de março de 2009

Extinção


Se fizermos uma olhada rápida aos últimos duzentos anos da história humana vemos uma aceleração progressiva em todas as ordens. Calcula-se que neste século podem desaparecer a metade das línguas do planeta e um 20% das espécies animais e vegetais. É algo descomunal. Os últimos informes sobre o "Câmbio climático" são sobrecolhedores pela celeridade das mudanças. A demografia é uma bomba em activo ( e o Papa com as suas obsessões por África, enfim). A economia (que deveria estar subordinada a uma ecosofia) é um latrocínio.

Como quase sempre acontece há uma inercia, inevitável por outro lado. Mas os signos de tensão e frustração incrementam-se. Sobretudo a sensação para muitos de que não há uma saída ou de que a própria vida apanha umas dimensões absurdas.

Isto leva a certos posicionamentos à defensiva: um conservacionismo que não é capaz de conectar-se com as dimensões do problema e propõe soluções voluntaristas ou moralistas ou simplesmente tecnocráticas.

É clara uma manifesta linha de evolução errada em muitos processos que arramcam desde a Revolução Industrial e provavelmente desde antes (digamos circa 1500). A responsabilidade humana neste processo é óbvia mas seria provavelmente superficial focá-lo só desde essa perspectiva. Poderia haver dimensões cósmicas implicadas no processo?

Não pretendo situar-me na posição apocalíptica ou algo assim mas de ver com claridade como estamos numa situação excepcional dentro da história humana. Como isto põe em xeque todas as formas conhecidas com as que tentamos compreender e limitar a nossa experiência, e como as respostas não podem ser mais, mais e mais. Põe-se o problema da qualidade sobre a quantidade. Há formas da experiência que se centram sobre o local e que porém têm um alcance global.

Provavelmente a excelência não consista em planos delirantes de controle sobre a totalidade mas agir desde o local, desde o autóctone sobre a base da experiência humana essencial. Um trabalho arquetípico como na Arca de Noé: a ideia de que trabalhamos com maquetas e cenários que se interconectam. Cada animal são todos os animais, cada ser humano são todos os seres humanos.

De que maneira a sabedoria se conecta com a continuidade da vida e que tipo de impacto tem sobre a organização viável da vida, além das aparências? Não se trata de pensar maquiavelicamente sobre a base de cálculos infinitos e infinitessimais mas de harmonizar-se com a corrente evolutiva em acção. Isto nas circuntâncias actuais sente-se como uma inusitada pressão que obriga a buscar uma saída.

Sempre me chamou a atenção a extinção súbita dos dinosáurios e como esses pobres mamíferos do tamanho de um rato se impuseram depois. É descrito como uma "casualidade fortuita". Penso como as dimensões mastodónticas e sáuricas da nossa civilização poderiam sofrer uma catastrofe similar, e quase tenho para um romance de ciência fição.

Continnuarei com o tema que agora deixo inconexo e sem uma projecção clara.

Os meus concidadãos, ou os seus políticos, propõem a Torre de Hércules como Património da Humanidade. Esperemos que o homem também o seja. Algum dia.

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