
Hoje há treze anos que morreu Idries Shah. Sempre lembro esta data, que aliás tenho ligada também ao nascimento de Herberto Helder e Paul Celan. De maneira que hoje queria recordar a este homem que supus para mim a abertura a uma experiência de aprendizagem que não tem comparação possível com qualquer outro autor prévio, que eu tivesse lido. A sua influência foi decisiva e para o resto da minha vida.
Eu era estudante em Santiago quando entrei um dia na livraria Folhas Novas. Era um habitual da mesma, sobretudo depois de que me tivessem pagado a bolsa. Aquele dia encontrei num lugar inabitual e meio escondido um livro intitulado Aprender a aprender, da editora Paidós. Fiquei surpreendido pelo título, folhei o livro e comprei-no mas ficou durante meses numa gaveta. Quase um ano depois comecei a lê-lo e já não parei de procurar os textos de Idries Shah.
Cinco anos depois de tudo aquilo encontrei com o seu irmão, Omar Ali Shah, a quem "abri o meu coração". E uns meses depois, em Novembro, morria Idries Shah. Lembro que eu me encontrava em Lisboa naquela época. Não soube da notícia até Maio do ano seguinte numa viagem que fiz à Corunha e experimentei uma especie de choque.
Enfim, que posso dizer de Idries Shah? Que leiam os seus livros. Não encontrarão a um "oriental" ou a um "guru" ao estilo do orientalismo esotericista. Encontrarão um homem que transmite factos, informação e sabedoria para que as pessoas possam tecer com os seus próprios esforços um caminho de evolução. Um elemento essencial é como as pessoas podem utilizar tudo isso para conseguir ter uma relação de aprendizagem com um mestre. Ele fez um trabalho preparatório e criou um clima para a aceitação de ideias que de outro modo não poderiam ser digeridas.
Como ele costumava dizer: " A cor da água depende do copo que a contém".
Não deveriamos ficar a comparar copos mas aprender a beber a água ali onde está. Como reza no seu epitáfio:
"Não repares na minha forma exterior mas apanha o que está na minha mão"