Desde que tinha dez anos lembro-me desta estória. Ficou gravada em mim de jeito indelével e só muito mais tarde é que a encontrei dentro de uma colecção de contos de sabedoria. Os contos deste tipo têm uma função mais alta que a da moralização e são parte de um sistema de compreensão que opera além do condicionamento habitual.
Um homem ancião faleceu e deixou aos seus três filhos em herança 17 camelos sob as seguintes condições:
O mais velho devia receber a metade, o segundo um terço e o mais pequeno um noveno. Deste jeito a herança não podia ser distribuída. Foram consideradas várias hipóteses mas alguém fez notar que o que propunham alguns asessores, sacrificar algum camelo, era contrário à prudência e ao bom senso que sempre mostrara o falecido. A herança estava assim sem repartir. Haveria aí alguma sabedoria oculta?
Foram então perfuntar a um sábio. E este falou assim:
- Levem este camelo e distribuam a herança.
Tinham agora 18 camelos que foram repartidos segundo o requerido pelo velho.
O primeiro recebeu 9 camelos. O segundo 6. E o terceiro levou 2 .
- Levem este camelo e distribuam a herança.
Tinham agora 18 camelos que foram repartidos segundo o requerido pelo velho.
O primeiro recebeu 9 camelos. O segundo 6. E o terceiro levou 2 .
Sobrou 1, que devolveram ao sábio.
E não me venham agora com estórias de porque o pai fez essa partilha. A herança dum pai não se discute, não é?
E não me venham agora com estórias de porque o pai fez essa partilha. A herança dum pai não se discute, não é?
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