“Com suma cautela e zelo honra à mulher; pois é a mulher quem traz à casa a benção de Deus”
“O ódio à mulher própria é um homicídio”
(Extraído de Bellezas del Talmud, de Rafael Cansinos Assens)
“A visão de Deus na mulher é a mais perfeita de todas” (Mohiuddin ibn al Arabi)
“Senhora da noite, erma donzela” (Teixeira de Pascoaes”)
Em aquelas tardes eu também adormecia.
Leves as flores respiravam pelos vasos, quando a transpiração da casa descansava ao final de corredores. Adormecia como estranha sonolência da Primavera que se acerca, pois no fundo de aquelas salas e retratos antigos, a rosa que permanecia se guardava numa memória de máscaras ou vozes que se enlenteciam, ou se congregavam. Vozes que atravessavam os tabiques da conversa íntima num murmúrio de ressonâncias e evocações distantes. As vozes de tia Letícia e de minha mãe Aurora, que sem cessar pintava, as vozes e os rumores das ruas de madeira que como uma linda imagem chegavam ao meu coração cansado. Pois, se queréis, a expressão das vozes recriava em mim cada gesto, cada olhar, cada veloz desejo que nascia dos poros subtilíssimos das minhas queridas amigas.
Eu então adormecia. Nos sofás ou na cama de lençóis claros, suava sobre o meu vestido floreado de cujas cores guardo uma memória tonal e rítmica: cores violáceas, amarelas, azúis que se tocavam como notas de piano ou breve luz. Atrás a janela, a janela verde da vida que avançava face mares antigos e longínquas histórias de olhos cálidos e terras luminosas. Sentia, na inquietação de um sono de tardes lentas e abandonadas, as figuras e os gestos, a cadência infatigável de Mago, o ferreiro que mostrava inacabáveis estórias sobre o metal e o ferro fundido; e era agora quando eu sentia, enfebrecida na tarde, o seu bater no metais de Vulcano: a sua velha frágua.
Os meus dedos, a minha fragilidade, o meu sorriso sobre os espelhos que dançavam nas tardes imprimiam em mim a gostosa música do baile: os meus pensamentos, sentidos, clamorosa pele saltava para que as barcas e os sorrisos que sem cessar pintava levassem aguarelas e tácteis óleos à superfície dos dias.
Em aquelas tardes eu também adormecia.
Quiçá o íntimo cansaço duma velha mão e um coração gasto se tenha iludido demais ao redor dum fôlego arrastado pelo tempo. Estranha ilusão duma velhice mórbida? Certamente, não responderei eu. Eu?
É preciso aguardar esta pulsão que devém ambígua e cuja devoção cresce nas tonalidades fosforescentes da memória sob o custo, quiçá, dum sem-sentido da escritura, trémula já na voz e no rasgo. Trémula como a vela que alumia os nossos sentimentos e as nossas páginas num sossego e numa calma branca. Luar dos quartos e prata das iluminações quando os passos e as vozes ressoam nova e lentamente atrás, atrás.
Mas eu também acordava na sala de bonecas de porcelana. Dir-vos-ei que me falavam? Cada uma era Laura, Marinha, Olga: a sua extensão e o seu dom.
Atrás, certamente atrás soavam os assobios e os signos que se introduziam pela janela verde da vida: as três esperavam e Mago esperava às quatro.
Sim, eu acordava, e depois de falar com as bonecas e de olhar as minhas aguarelas atravessava as ruas de madeira e casas de pedra antiga e alguns braços erguiam-se como para saudar-me, pois eu penso que muita gente gostava do meu vestido floreado comprado longe, em terras longínquas de nações esquecidas. Em realidade eu devia isto à tia Letícia que, abandonada à sua diletância, desaparecia subitamente durante dias, e até semanas, para voltar esgotada e ávida, carregada de tudo quanto era impossível encontrar.
Marinha, Laura, Olga e eu corríamos leves na tarde inumerável. Tínhamos ido até o cais, tínhamos brincado no dique negro, cantando nas doces barcas para encontrar um novo ritmo e um novo cair, um cair fugidio que reflectia no cais de prata, águas do nosso pensamento turvo.
Os olhos para o céu e os vestidos batidos pelo vento, irreverentes à sensualidade da nossa pele fazia-nos sentir a mais melancólica liberdade, pois o sol descia e vibrava o mar como a produzir ondas brancas: eram as suas piscadelas cúmplices.
Laura, loira, magrinha e de olhos verdes falava ao mar numa linguagem de peixe: Bu! Bu! Bu! e Ah! Ah! Ah! respondíamos todas.
Eram ecos, não é? Ecos duma escura devoção que nos envolvia.
Marinha, pensativa, pintava as unhas de púrpura vermelha vermelha e mais duma vez deixou cair gotas e gotas que choravam nas águas, pois então uma música falava por dentro das cores dum pequeno amor esconso: Marinha corava. Bu, bu, dizia, e uma lágrima cheia de sal deslizava-se, e nós, claro, fazíamos como que não víamos.
Olga era a silenciosa e subtil, indefinível voz dos nossos movimentos ligeiros.
Caminhávamos até ao Mago: esse ferreiro no Mar.
Através da febre e da ferocidade, sorrrir a pouco e pouco, a ferocidade dos dias impossíveis que nos traspassam e nos amam, a ferocidade da imaginação desvelada e rítmica que nos invade na ligeireza das estações e dos corpos, a nossa ferocidade, enfim, que a pouco e pouco sorri maliciosamente para abandonar a mão ao silêncio e à audácia: gestos, dias, olhos, vozes, ritmos, e Abril Abril nos nossos corações, nos nossos corações, nos nossos corações...
“...nos corações escravos de Lig e Lung. Porque Lig mata a Lung. Porque Lung mata a Lig.
Um silêncio fugaz envolve-os, uma quietude. E de súbito um resmungar de vozes e de espadas, de arcaicas maldições e de gestos que ocultam os dentes de lume e sangue.
Durante um tempo a luta dá-se num jogo de cegueiras e movimentos automáticos, de intuições precisas e assombrosos encontros marciais. Mas a pouco e pouco chega o declive, a decadência atonal e tudo se volta mais espesso, mais lento, mais insensato e temerário. Tudo se volta gris e perdido nos rostos de Lig e Lung, quando o sol vai perder-se no horizonte, quando tudo se perde definitivamente nos seus corações ecravos.
Porque Lig mata a Lung. Porque Lung mata a Lig”
E aí estava Mago na roda central do mercado, de movimentos astutos voltando a olhar, rápido e fugidio, para os ouvintes. Era o fim do conto. A perversa história dos ódios de Lig e Lung, das suas mulheres Mitsuru e Li –Po caídas na desgraça dos temores sem fim. Amadas personagens da nossa fantasia.
Aí estava Mago, entre as espadas, mostrando a sua ironia cúmplice, de olhar feroz. Contemplava assim a nossa ferocidade delicada e límpida e era então quando a sua boca alumiava o fogo, ele dizia, da sua velha frágua. Sim, sorríamos a pouco e pouco: febre e desvelo dos nosssos corações: do nosso brilho.
O mercado era como um formigueiro de milheiros de cores. Lentamente, ao fundo, chegavam cargueiros vagarosos cheios de centeio e milho, de trigo e chá.
E nós, nós voavamos pelo mercado mentres minha mãe pintava as grandes velas dos barcos, as túnicas estendidas ou os azulejos dos pátios: pintar os veleiros como pequenos homens e os homens como barcas lentos a cantar. Velas, pois, de barcas, e velas de pensamentos. Cores da juventude amaviosa e enfeitizada de minha mãe.
Um feitiço de braços e de vozes. Braços brancos dos caminhos, promesas de estreitos abraços, e braços negros dos imensos buques que, erguidos contra a lua, falam de outros países apartados. E estão estendiddos para dizer-me: estamos sozinhos, vem! E as suas vozes chamam-me, a mim, a seu semelhante, já prontos a partir, agitando as asas da sua exultante e terrível juventude1”
Assim pintava minha mãe quando nos esquecíamos do pequeno mar dos nossos olhos. Ser náufragas por entre o sal e por entre os barcos sem memória e sem rostos. Partir, como uma ideia, sem rumo fixo. Partir. Perder-se
Laura entoava, como vidro, o seu encantamento:
Tristeza e melancolia e, porém, a mais veloz e súbita felicidade do tempo que não passa. Pensar entre os cantos na amada Mitsuru de olhos oblíquos e nas suas flores: lírios, rosas, açucenas. Pensar em Li-Po, a astuta tecelã: os nossos amados tapetes!
Tapetes e flores que alcançavam e viviam a minha casa. Atravessar os corredores e habitar os quartos na recriação de Li-Po, de Mitsuru, dos seus terríveis homens.
E aí vem tia Letícia com grandes taças de chocolate. Era então quando fazíamos uma improvisada encenação com teias e vestidos passados de moda, papel, cartão, sedas: as nossas ilusões. Marionetes e títeres.
A chama da vela apagava-se. Bela chama que se extinguia numa doce impressão de revolta. Nós estávamos rígidas, tão rígidas como bonécos, tão incompreensíveis como as nossas fabulosas pistas.
Uma vela, um mínimo candeeiro e aí estavam os nossos jogos de pátios azúis e de distâncias de nuvem. Os nossos olhos de carvão e vinho reflecteriam-se nas taças de chocolate de tia Letícia: carvão, vinho (nos nossos olhos, no nosso brilho) e chocolate sobre as colecções de borboletas e cenários de roupas velhas que descem como um conto de falas ligeiras. Como escrever no círculo mágico das horas oblíquas um momento ou a intuição dum momento? Doce, pois, percorre pelos sensos a voz da casa e tudo acorda veloz, veloz como dedos finos, na sua mímica e no teatro do mundo: a nossa pequena estância.
Vagarosamente a tarde decaía e a noite antiquíssima impunha o seu desvelado sonho. Eu crescia com as minhas incomparáveis amigas na mais iluminada das excitações de seda ou antigas varandas. Era eu realmente?
Intuir um poema e submergir-se, ingenua, no espírito das cousas, agora e antes, como buscando um devir estranho às nossas condições, ao que fomos e ao que somos. Perdidos esses momentos e esses tempos (todos os momentos e todos os tempos) voltam (voltavam) a ressoar em mim as velhas caracolas marítimas, labirínticas e adormecidas como uma sigilosa ventura. Fazer-me tangente ao sistema estilístico no que encontrava inumeravelmente situado na multiplicidade das minhas relações ambíguas e perder-me para sempre entre as personagens vivas e mortas nas que habitava. Absorver-me feroz e febril numa vidência dioturna.
Reparava, na minha imaginação de borboleta anoitecida, nas minhas necessidades expansivas correndo na quase-noite perto da Casa dos Matemáticos ou no Largo dos Filósofos, que nunca apagavam as suas horas de vaga-lume. Criavam um ritual de carácter peripatético para os seus encontros, como velhos animais noctâmbulos e eu ouvia as suas palavras de ressonâncias perdidas, entre arquivoltas e pátios de azulejos. Escrevia um poema, que era a minha cegueira branca ou sorriso de aquarela, e via a minha mãe conversar sobre as cores do mar com o inigualável Mago.
E depois dum tempo de vigílias e efervescências entre pinturas e poemas eu dormia profunda e sossegadamente. Era então quando uma caracola de mar soava aos meus ouvidos, ávida da noite. E imaginava Lig e Lung perdidos nos seus ódios no meio duma tempestade. E a noite era assim.
Navegas sobre as palavras e os rumos incertos? Navegas sobre os dias e os tempos sem direcção nem rosto?
Aqui estão os despojos do mercado. Como brilha o grande osso, a espinha dorsal da última baleia!
Deixa-me passear o meu pensamento descalço. Deixa-me guiar o diálogo ao vazio. Avançar suave e leve.
Deixar, deixar. Deverias tomar tu a palavra, querida. Fazer com ela mais do que queixar-te e divagar. Não te lembras do jogo da verdade?
A verdade? Já chegamos ao ponto de pormo-nos tão sérias? A verdade! Deverias saber que as mulheres nunca dizemos a verdade. A estas alturas!
Uhm! Este osso de baleia, estas palavras imensas, este esqueleto tao branco: tão belo ao luar! Não sintes uma ligeireza?
Divagas. Não sei se dizer que já estás senil, ainda que mais bem pareces uma rapariga mal educada. Aos teus anos, minha velha!
Diria que estou a consentir excessivamente a tua vigilância. Vejo que não me posso descuidar uns breves instantes porque já estás prestes a censurar, para julgar-me. Quem és tu para julgar-me?
Conheces perfeitamente a minha função: não brinques com a tua ingenuidade. Mas vejo que já nos começamos a entender. Já falas com um pouco mais de senso.
Tão velha e tão rapariga, como poderia ter senso? Aliás, não vês que há lua cheia?
Já sabia que hoje não me seria fácil conduzir-te. Senta aqui. Podemos ver muita cousa.
O cais está como nunca esteve. Esta última baleia brilha com uma sinceridade excessiva. E sentar na sua cabeça a tocar o violino? Gostas?
Realmente estás impossível. Não sei em que acabará tudo isto?
Não tenhas mágoa, as mulheres somos realmente desapiedadas e o que seja será.
Mas deves continuar e não dizes uma só verdade. És tão frívola que sinto vergonha. Que história é esta?
Olha para aí. Aí está Mago dirigindo-se ao Pavilhão Vermelho. E lá para abaixo as nossas queridas amigas, Marinha, Laura e Olga. Não vês Lig e Lung entre elas? E aquela janela com duas sombras?: são Aurora e Letícia. E ao nosso lado Mitsuru e Li-Po. Como podes dizer que minto?
Mitsuru e Li-Po, coitadas! Estão tão silenciosas que quase não reparava nelas.
E nós estamos a falar demais. Realmente, às vezes, es odiosa. Sempre consegues os teus objectivos.
E assim nos entregavamo à noite acesa, a de lantejoulas rápidas. Uma noite breve e desconhecida, de silenciosa soidade. As velhas vértebras da última baleia alumiando no cais deserto as cores de antigos versos demorados.
“E a grande cidade agora cheia de sol
e a hora real como um cais já sem navios”2
Ouvir, então, como o violino negro descansa sobre as horas descobrindo as difusas cidades. Ouvir na antiga sombra da melancolia o recanto enunciativo e perverso ancorado nas cordas, abrindo ao leve as janelas do nosso entendimento. Ouvir, mesmo empanhado na vaga luz dos candeeiros o amontoado coração das dúvidas: ferozes e vãs
Contudo, fica posto o problema da verdade. Os fios mesclam-se e a memória dispersa-se numa penumbra de imagens. A verdade? Quiçá no final tudo seja develado. Mas é possível que haja final?.
O certo é que pensar no final deixa-nos como velhos títeres de fios cruzados.
Mago sempre acaba as suas estórias: esse narrrador perfeito. Escolhe com a elegância do seu espírito delicado o momento exacto para a conclusão. Lança ao chão o seu chapéu como numa dança de espadas e o súbito final aparece , impossível e redondo.
Lig e lung morreram, mas foi esse o final? Continuavam em nós o espírito aberto e infindável de Mitsuru e Li-Po. Entre nós tecíamos estranhas continuações que alimentávamos de rarezas e perguntas.
As cousas têm fim, mas os contos podem ter eles fim?
Mago já não diz nada em direcção ao Pavilhão Vermelho. Silencioso e oculto.
Era o momento em que podia chover e eu nadava na cor que se definia entre os faróis distantes e a luminosidade de aquarela num verde claro ou num amarelo de fogo. A pele do anoitecer era sensível ao empapado sorriso do meu vestido, quiçá já povoado de olhos que espreitam na esconsa escuridão incontável. Uma noite astuta e vigilante que reescrevia sobre a sua textura as novas casas das marcas e dos corpos.
Os telhados que ardiam e as sílabas pronunciadas pelas vozes ocultas ou inexistentes configurando a nova dimensão da busca. Sim, duma busca nova: entre a perda e o esquecimento.
Aquela noite fugaz e sombria o meu corpo deambulava primeiro pelas telhas acesas, depois pelas praças e pelo chão. Primeira vez em que o corpo, solitário e fraco, se adentrava pelos meandros da solidão e das trevas. Sim, a primeira vez é também o final de algo.
Eu queria ver, imaginava ver, Mago dirigindo-se a uma partida de xadrez perfeita, como uma figura sombria que todas as noites jogava a sua liberdade numa batalha sem par. Ver a Mago dirigindo-se até um fundo cada vez mais encarnado até que se perde num combate inigualável e único. Ver os movimentos de minha mãe Aurora entre os países da sua devoção, a pintar as luzes vagas das noites de todos os povos interiores. Ver as minhas queridas amigas flutuar majestosamente entre lençóis brancos, estendidos e vivos. Ver a nossa juventude e a nossa admiração, a nossa devoção constante e silenciosa num labirinto secreto, profundo, a crescer por dentro. Ver a tia Letícia atravessando os mares para voltar de manhã cedo como se tivesse ido comprar o jornal, entrando nas pontas dos pés. Ver as personagens de Lig e Lung, do conto infindável mover-se em múltiplas combinações e ressurreições, alumiando e alumiados pelo espírito das cousas: a voz dum narrador que os acordasse.
Eu andava lenta, tão sombria como faróis gastos entre as almas que me desconheciam. Eu olhava para a janela verde da vida e via aquela rapariga adormecida entre os lençóis de seda e flores. Vibrar no almejo e nos cristais, vibrar nesse signo, nesses pequenos agoiros era já um lento cair que o tempo deita sobre nós. Ela, a lenta rapariga adormecida, ingénua e sorridente. Era eu realmente?
Por enquanto, caminhar na desolação da verdade, na sua separação infinita. Ver a Mago entre os faróis, perdido, á beira do esqueleto da última baleia, acercar-me a ele, estender a minha mão meiga e nada, nada: não ser reconhecida. Ver à minha tia Letícia e á minha mãe falar sossegadamente e ser invisível à sua beira. Marinha, Olga, Laura esquecidas entre si como se nunca tivessem falado.
Era uma noite só comparável à ferocidade da nossa existência juvenil e altiva. À minha memória acudia o poema escrito na vibração da insónia
Ao caminhar descalça pelas aquarelas
perdida entre os malecões3
Se queréis é o final, com a certeza acutelante do ser e da verdade. O final que me envolve fugidia e tremulenta, quando penso que em aquelas tardes eu também adormecia. Sempre fica essa saudade e essa metáfora, esse salto entre os sentidos e as certezas, essa indagação de uma experiência inexplicável. Sempre fica uma pergunta:
- Quem fala?
1Um fragmento do livro de James Joyce A Portarit of the Artist as a Young Man.
2Dous versos de Fernando Pessoa
3Diques
1 comentário:
Este texto é de 1993 e foi premiado ex-aequo junto a Xavier Alcalá no "Manuel Murguia" de Arteixo. Tão só modifiquei as citações iniciais. está publicado na Editora Laiovento
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