O aguador sírio, de José Luis Nestares
Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a vagar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre no mês do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Anda a ver,
Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu
(Zeca Afonso)
3 comentários:
Graciñas por este post,sempre é un gusto escoitar a Zeca Alfonso.
Co teu permiso vou levar este post ao blog de superquintob, espero que non che parezca mal.
Un abrazo
Amigo José,
Maio, maduro Maio é um canto maravilhoso do Sul. Uma falua, uma barca, um navio que nos leva a subir e a descer o rio, rumo ao sem rumo que nos surge: uma "ilha" de trigo, uma terra seca e pobre, mas de coração "caiado" de branco como as casas e o azul gritado dos rodapés... O deserto, o canto do Sol, o Cantar de Maio e do Sul.
Um abraço de muita amizade nesse Maio.
Muitas Graças,
amigas. Durante muitos anos ouvi José Afonso continuamente.É parte de uma formação humana e estética que considero essencial.É um verdadeiro mestre.
Claro que não me importa que o leves a superquintob.O bom de José Afonso é que não se limitou a uma reivindicação política determinada. Ele tomou a essência do seu povo e construi algo imortal, gostam dele crianças e velhos. Ele toca todas as fibras.
Amiga Saudades,
eu invejo o seu Alentejo, esse sul que é "anterior a nós". Pode que escreva um post sobre o que é Portugal para mim,ainda que devo reunir muita energia para o fazer. A sua poesia,o seu sentido estético, a luz e a pureza da palavra, os jardins, o trigo, o caiado coração, os azulejos...
Aqui na Galiza o aguador chegou e chove aos cântaros nesta tarde de Maio molhado.
Un forte abraço, amiga.
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